Próxima década será marcada pela internet das coisas
“A internet das coisas vai ser ainda mais presente na rotina das pessoas até 2025”
Você já deve ter ouvido falar no termo “Internet das Coisas” em alguma notícia ou vídeo sobre tecnologia, não é? Mas você sabe o que isso significa? Internet das coisas (em inglês, Internet of Things – IoT) se refere à mais nova revolução tecnológica onde todos os itens do cotidiano estão conectados. Ou seja, é uma realidade em que eletrodomésticos, computadores, carros e smartphones podem se comunicar por meio da internet e sensores. Esse conceito representa uma humanidade envolvida 100% com a tecnologia, e que já está tomando forma nos últimos anos.
Se a internet já é, hoje, uma parte bastante grande de sua vida, espere só para ver o que vai acontecer ao longo da próxima década. O professor Alberto Sangiovanni-Vincentelli, da Universidade da Califórnia em Berkeley, prevê um futuro cada vez mais conectado, ao ponto de termos praticamente todos os objetos de nosso cotidiano conectados à rede. Serão, até 2025, um trilhão de dispositivos online.
O professor de engenharia elétrica e ciências da computação não escondeu seu entusiasmo com a Internet das Coisas durante um fórum de tecnologia promovido pela DARPA, nos Estados Unidos. Para ele, muito em breve os smartphones perderão o posto de soberano quando se fala em comunicação móvel na medida em que novos aparelhos, como câmeras, sensores e microfones, começarão a se proliferar por aí.
Os comandos de voz estarão por toda parte, assim como os aparelhos que acompanham o dia a dia do usuário para realizar sugestões ou tornar seu cotidiano mais simples. Enquanto isso, sensores medirão a temperatura com grande precisão, indicarão a qualidade do ar e a presença de poluentes. Nosso café será feito automaticamente de acordo com a hora em que acordamos e até as paredes de casa terão sensores na tinta, capazes de realizar buscas na web ou telefonemas.
Se muitas das ideias parecem dignas de um filme de ficção científica, prepare-se, pois tem muito mais de onde isso veio. Sangiovanni-Vincentelli prevê, já para a próxima década, a chegada dos sensores cerebrais, com os quais não será nem mesmo preciso falar os comandos para que eles sejam entendidos pelas máquinas. Para ele, apenas pensar em tomar um expresso já fará com que a cafeteira entre em funcionamento e prepare aquele café quentinho.
Por outro lado, esse sonho todo já encontra uma barreira bem real, a da infraestrutura. Hoje, já temos redes colapsando diante da carga imposta por centenas de dispositivos conectados ao mesmo tempo. As redes nem de longe estão preparadas para tamanha quantidade, principalmente quando se fala em roteadores domésticos. Quem usa a internet em lugares públicos sabe que a coisa raramente funciona. Imagine então quando a quantidade de aparelhos demandando banda ultrapassar os três dígitos?
Com tudo isso, surge também uma preocupação com a segurança. Se temos sensores online implantados até mesmo em nossas cabeças, o que impede um ataque hacker? O que protegerá nossas informações confidenciais quando tivermos sensores em nossas roupas ou microfones no ambiente de trabalho, ouvindo tudo aquilo que falamos em prol de permitir a intuitividade de um comando de voz?
O professor também volta seus olhos para o gasto energético, já que essa gigantesca quantidade de aparelhos também requer eletricidade. Antes que os aparelhos da Internet das Coisas possam realmente integrar nosso cotidiano, é preciso que eles gastem quantidades ínfimas de força, de forma a não se tornarem mais um problema do que uma solução.
Quanto a isso, Sangiovanni-Vincentelli não oferece soluções, mas se mostra confiante de que chegaremos lá. Para ele, os avanços no campo da Internet das Coisas acompanharão o de outros setores. A produção de eletricidade se tornará mais eficiente e barata, assim como as velocidades de transmissão de informações entre redes e delas para a nuvem. Fabricantes de dispositivos também encontrarão formas mais econômicas de operar. Tudo, no fim das contas, vai dar certo.
Chega então, a última barreira, a privacidade. Uma que, para o especialista, já foi transposta há muito tempo. Ele é categórico ao afirmar que o sigilo é coisa do passado e que o cidadão já perdeu seu anonimato há muito tempo, principalmente por causa de dispositivos de vigilância operados pelo governo, que armazena dados de comunicação e pode nos encontrar em qualquer lugar.
A fala de Sangiovanni-Vincentelli é apoiada por Pam Melroy, diretora de tecnologia da DARPA, apesar dela não falar de maneira tão apocalíptica. Para ela, a evolução da tecnologia acompanha também uma série de mudanças sociais e com isso se alteram também conceitos como privacidade e sigilo. A chegada em massa da Internet das Coisas, então, não tornará tudo público, mas mudará aquilo que os cidadãos consideram como privado.
Ela lembra, por exemplo, de preocupações quanto à câmera fotográfica, que poderia tirar fotos de qualquer pessoa em todos os lugares, ou dos celulares, que levaram “para o ar” a comunicação que antes acontecia apenas dentro de casa. A sociedade se adaptou e, agora, o mesmo deve continuar a acontecer.
Internet das coisas
Com a criação da internet na década de 70 e, posteriormente, a popularização da banda larga e redes sem fio, foi possível conectar pessoas do mundo todo em um servidor em tempo real. Nesse momento, pessoas distantes começaram a ficar mais próximas graças à revolução tecnológica, e a comunicação foi incrivelmente facilitada pela internet. Antes, uma mensagem que demorava dias para chegar passou a ser recebida em poucos instantes.
Com isso, o uso e a acessibilidade à internet foi evoluindo, e não demorou muito tempo para pesquisadores e investidores começarem a pensar num mundo futurístico onde todas as coisas seriam inteligentes. Assim, o conceito de IoT foi proposto em 1999 por por Kevin Ashton, pesquisador do Instituto de Tecnologia do Massachusetts (MIT Auto-ID Laboratory). Usando as tecnologias RFID (identificação por radiofrequência) e Wireless Sensor Networks, os pesquisadores iniciaram a proposta de um sistema global de fácil identificação.
Com a RFID, foi possível que todas as coisas se conectassem por meio de um sistema eficiente de identificação. Objetos passaram a se comunicar com outros de maneira sensorial inteligente, trocando informações e até mesmo dados e o status do próprio dispositivo. Por exemplo, um relógio digital pode informar seu status de bateria diretamente no smartphone do dono.
Mas além dos dispositivos se comunicarem entre si, é necessário ligar os objetos e aparelhos às grandes bases de dados – ou seja, à internet. É aí que entra o princípio de “Internet das Coisas”, que representa eletrônicos que conversam entre si por meio da rede.
Assim como a internet facilitou a comunicação entre pessoas, ela está facilitando a comunicação de objetos do cotidiano. Ao invés de fazer com que dispositivos troquem informações por meio de cabos e conexões limitadas, chips e sensores sofisticados implantados nos objetos podem torná-los dispositivos inteligentes, fazendo com que as informações sejam compartilhadas em tempo real e de maneira otimizada.
A IoT é uma rede gigante de “coisas” conectadas, onde dados são enviados e recebidos a todo momento para agilizar ainda mais as tarefas do cotidiano. É como se os dispositivos tivessem uma “consciência conjunta” para trabalhar da maneira mais produtiva possível.
Fonte: Site Sisnema e Mundo Conectado